Perguntas. Perguntas. Perguntas.

Qual é a cor do pensamento? Qual é o cheiro da luz? Qual é o gosto do azul?

Perguntas absurdas. Perguntas impossíveis. Perguntas sem sentido.


Qual é a forma da felicidade? Qual é a razão da existência? Qual é a recompensa da ambição?

Perguntas circulares. Perguntas sem resposta. Perguntas que não queremos a resposta.


Qual é o tamanho de uma nota musical? Quanto custa um si bemol? Qual a circunferência de uma clave de sol?

Perguntas sem dimensão. Perguntas sem valor. Perguntas sem medida.


Onde se compra o ódio? Quanto pesa o rancor? Qual a largura do medo?

Perguntas caprichosas. Perguntas perigosas. Perguntas audaciosas.


Quem duvida? Quem questiona? Quem pergunta?

Perguntas. Perguntas. Perguntas.


Não gostamos de respostas. Gostamos de perguntar somente quando já temos nossa resposta. Gostamos do som da nossa voz entoando perguntas que não exigem resposta. Gostamos de responder nossas próprias perguntas. Não queremos ouvir as respostas. Não queremos a verdade, nos basta uma verdade que sabemos, nos alegra uma verdade conveniente. 


Temos medo das respostas. Temos raiva de quem responde nossas perguntas. As perguntas não precisam da resposta que já sei. Basta o melodioso som de minhas perguntas. Resposta é supérfluo. Verdade é secundário. Perguntar é o que queremos, especialmente perguntas que já carregam em si a resposta conveniente, a resposta que se encaixa nas nossas convicções e certezas.


Se uma pergunta exige um resposta, essa pergunta deve ser evitada. Se uma questão não declara sua própria verdade, é uma questão perigosa.


E se a resposta não me agradar? E se a verdade for diferente das minhas crenças? E se os fatos contrariarem minhas convicções? E se as evidências me levarem em direção oposta às minhas certezas?


Estranho o homem que pergunta buscando a verdade. Inconveniente o indivíduo que espera uma resposta nua à suas indagações.



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