Dissonância

 Notas soltas em uma pauta

Clave de Sol, compasso ternário

A armadura antecipa um tom de Lá maior

Ali se insinua um arpejo doce, sutil

Si, Dó Sustenido, Mi, Fá Sustenido

Logo transparece um contracanto tímido

As cordas, madeiras, a harpa

Não em um ataque furioso, mas crescendo

Ritmado, polifônico

Há então uma dissonância, um oboé se rebela

Corroído de inveja do spalla, sem receio, acrescenta um Si bemol

Fortíssimo, repentino, sincopado,

E sustenta uma duração de cinco mínimas ligadas

Fora do andamento e sem respiro, sem pausas

Ferindo de morte a sinfonia

A orquestra, agora silente, escuta comovida

Todos se tornaram plateia de um réquiem, uma missa fúnebre

A morte da música anunciada pela trombeta infernal de um músico que não cabia na partitura

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